Scar Tissue - Prólogo

1 de jan. de 2014 | | |
Olha-se no espelho, tendo a certeza de que este não fora o final feliz que tanto sonhara, que tanto achara viável. Sente pequenas gotículas escorrerem sobre seu rosto angelical, e fita seu paletó com uma mancha púrpura. Sua respiração está devagar, chora em silêncio, procurando preencher o vazio que toma conta de seu peito, mas é iminente. O para sempre de fato nunca existiu. 

Caminha até a sala, em passos débeis. Observa todo o ambiente, e tudo o que ele se tornou. Olha para as suas próprias mãos, com mais sangue púrpuro. E no meio de tanto vermelho, encontra ouro. A aliança. A prova de que o para sempre podia ser possível, de que o para sempre poderia ser viável. Poderia.
Em algum lugar, distante dali. E distante do mundo também. O para sempre é uma hipérbole.

Ajoelhou-se em frente ao corpo estilhaçado no chão, e se despediu com apenas um olhar. Era impossível, era quase não crível que aquilo acontecera. Ele iria se vingar, de alguma forma.

O para sempre agora seria solitário. De uma só parte, das duas que se uniram no altar.

Talvez ele exista sim, mas talvez... Talvez ele seja solitário. Assim como o rapaz que agora discava um número qualquer no telefone.
Sirenes. Era sua hora de partir. Cruzou a porta, ainda com a sua própria opinião: “Talvez o para sempre seja real. Mas talvez, talvez ele seja vazio e solitário, sem graça”.
Secou suas lágrimas e percebeu que agora, elas seriam sua única companhia.


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